Sônia Padilha - professora e pesquisadora da web
JILÓ: Qual o perfil do webjornalista?
SP: Um profissional multifacetado que produz material para diversas mídias e suportes fazendo uso de programas computacionais, além de ter o domínio para inserção desse conteúdo. As demais características são as mesmas de antes da internet: ter bom texto, saber apurar/investigar os fatos, ser responsável e ter noção do seu papel social.
JILÓ: Quais os riscos do jornalismo participativo? Existe alguma ameaça à função de jornalista?
SP: O jornalismo participativo tem aspectos positivos e negativos. Contra ele pesa a suspeição da credibilidade. Além do mais, muito do jornalismo participativo que está hoje na net é uma compilação do que saí no webjornalismo. Por outro lado, ele tem o mérito de em alguns casos revelar o testemunho de fatos que não puderam ser cobertos pelos profissionais das empresas jornalísticas. Eu vejo o jornalismo participativo muito mais como um colaborador do jornalista do que um concorrente.
Entrevista: Thalita Mendes (5º período)
A cada dia os jornalistas têm que se adaptar às novas tecnologias. Na hora de apurar, a internet (e suas ferramentas!) está lá, sempre presente no cotidiano dos profissionais da comunicação. E para falar sobre as mudanças que a internet trouxe para o jornalismo, convidamos a pesquisadora em cibercultura e webjornalismo Sônia Padilha, professora assistente da Universidade Federal de Roraima e doutoranda em Comunicação da UMESP, a Universidade Metodista de São Paulo.
JILÓ: Qual foi a principal mudança que a web trouxe para o jornalismo?
SP: Dentre as várias mudanças, a principal, no meu ponto de vista, foi a possibilidade de maior interação entre o consumidor de notícias, que também passou a ser produtor, e o jornalista. A ubiqüidade também foi uma mudança radical. Os jornais que antes de serem inseridos na Net chegavam apenas a alguns lugares, agora estão disponíveis para todo o planeta em versão digital.
JILÓ: No texto “A presença da cibercultura na prática do webjornalismo” você lista 4 fases de absorção da cibercultura nas redações. Essas adaptações foram traumáticas para os jornalistas ou ocorreram naturalmente?
SP: Para o pessoal da “velha guarda” como eram chamados os jornalistas que exerceram a profissão nos difíceis anos da ditadura a adaptação à informatização da redação e a chegada da internet não foi algo fácil de encarar. Mas nós - seres humanos - temos uma capacidade muito grande de nos aclimatarmos aos novos ambientes e o jornalista é um profissional cuja essa característica está introjetada na personalidade. Um exemplo muito interessante me foi dado em depoimento por um jornalista quando da minha dissertação de Mestrado. Ele afirmou que quando os computadores chegaram à redação ficou apavorado porque achava que não conseguiria escrever sem ouvir o barulho das teclas de sua máquina. Passadas algumas semanas, ele percebeu que a barulheira da máquina fazia falta, mas isso não afetava a sua produção como editor e colunista.
JILÓ: As faculdades de comunicação estão preparadas para lidar com as mudanças trazidas pela tecnologia no fazer jornalístico? E os alunos?
SP: Essa não é uma área que eu tenha dados, mas acredito que hoje todos os cursos de comunicação já trabalhem com a perspectiva de um egresso pronto para atuar nas mídias digitais. Quanto aos alunos, hoje em dia eles entram na universidade com algumas vantagens no que se refere ao uso das tecnologias. A geração Net, como nos mostra Don Tapscott, é conhecedora e grande usuária dos mais diversos tipos de tecnologia digital, além de serem ávidos pela experimentação delas. Isso facilita o ensino do jornalismo e o torna mais instigante.
SP: Dentre as várias mudanças, a principal, no meu ponto de vista, foi a possibilidade de maior interação entre o consumidor de notícias, que também passou a ser produtor, e o jornalista. A ubiqüidade também foi uma mudança radical. Os jornais que antes de serem inseridos na Net chegavam apenas a alguns lugares, agora estão disponíveis para todo o planeta em versão digital.
JILÓ: No texto “A presença da cibercultura na prática do webjornalismo” você lista 4 fases de absorção da cibercultura nas redações. Essas adaptações foram traumáticas para os jornalistas ou ocorreram naturalmente?
SP: Para o pessoal da “velha guarda” como eram chamados os jornalistas que exerceram a profissão nos difíceis anos da ditadura a adaptação à informatização da redação e a chegada da internet não foi algo fácil de encarar. Mas nós - seres humanos - temos uma capacidade muito grande de nos aclimatarmos aos novos ambientes e o jornalista é um profissional cuja essa característica está introjetada na personalidade. Um exemplo muito interessante me foi dado em depoimento por um jornalista quando da minha dissertação de Mestrado. Ele afirmou que quando os computadores chegaram à redação ficou apavorado porque achava que não conseguiria escrever sem ouvir o barulho das teclas de sua máquina. Passadas algumas semanas, ele percebeu que a barulheira da máquina fazia falta, mas isso não afetava a sua produção como editor e colunista.
JILÓ: As faculdades de comunicação estão preparadas para lidar com as mudanças trazidas pela tecnologia no fazer jornalístico? E os alunos?
SP: Essa não é uma área que eu tenha dados, mas acredito que hoje todos os cursos de comunicação já trabalhem com a perspectiva de um egresso pronto para atuar nas mídias digitais. Quanto aos alunos, hoje em dia eles entram na universidade com algumas vantagens no que se refere ao uso das tecnologias. A geração Net, como nos mostra Don Tapscott, é conhecedora e grande usuária dos mais diversos tipos de tecnologia digital, além de serem ávidos pela experimentação delas. Isso facilita o ensino do jornalismo e o torna mais instigante.
“Eu vejo o jornalismo participativo muito mais como um colaborador do jornalista do que um concorrente.”
JILÓ: Qual o perfil do webjornalista?
SP: Um profissional multifacetado que produz material para diversas mídias e suportes fazendo uso de programas computacionais, além de ter o domínio para inserção desse conteúdo. As demais características são as mesmas de antes da internet: ter bom texto, saber apurar/investigar os fatos, ser responsável e ter noção do seu papel social.
JILÓ: A apuração/veiculação dos fatos ocorre de maneira mais rápida na web. Isso torna a notícia superficial se comparada às do impresso?
SP: Essa tem sido uma característica muito presente no webjornalismo, mas eu sinto que existe uma preocupação dos profissionais em serem mais criteriosos. Quanto à superficialidade no webjornalismo ela terá que ser superada sempre que o fato exigir, pois o jornal impresso - nos moldes que conhecemos hoje - tende realmente a desaparecer. Assim o webjornalismo terá que assumir melhor o papel da análise de grandes acontecimentos ou fatos de interesse relevante para as pessoas.
SP: Essa tem sido uma característica muito presente no webjornalismo, mas eu sinto que existe uma preocupação dos profissionais em serem mais criteriosos. Quanto à superficialidade no webjornalismo ela terá que ser superada sempre que o fato exigir, pois o jornal impresso - nos moldes que conhecemos hoje - tende realmente a desaparecer. Assim o webjornalismo terá que assumir melhor o papel da análise de grandes acontecimentos ou fatos de interesse relevante para as pessoas.
“Dentre as várias mudanças, a principal (...) foi a possibilidade de maior
interação entre o consumidor de notícias, que também passou a ser produtor, e o jornalista.”
JILÓ: Quais os riscos do jornalismo participativo? Existe alguma ameaça à função de jornalista?
SP: O jornalismo participativo tem aspectos positivos e negativos. Contra ele pesa a suspeição da credibilidade. Além do mais, muito do jornalismo participativo que está hoje na net é uma compilação do que saí no webjornalismo. Por outro lado, ele tem o mérito de em alguns casos revelar o testemunho de fatos que não puderam ser cobertos pelos profissionais das empresas jornalísticas. Eu vejo o jornalismo participativo muito mais como um colaborador do jornalista do que um concorrente.
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