domingo, 26 de julho de 2009

“ESSE CARA É UM CHATO... GENTE BOA”

França: "Os estudantes que trabalharam comigo hoje estão empregados"

Texto: Andrezza Henriques (6º período) e Rodrigo Aquino (3º período)

“Esse cara é um chato”. A frase, veiculada na frequência da rádio corredor do Nucom, já foi ouvida – e dita - por muita gente no campus Madureira e, também, no mercado de trabalho. “Sou chato sim, modéstia à parte, porque sonho, concretizo e sou franco. Sou um chato profissional, pois realizo e levo a sério o meu trabalho. O meu ritmo é o do mercado, de uma redação de jornal, onde o tempo é curto e o prazo é mínimo. Para que as coisas aconteçam temos que estar empenhados. O nosso foco é a qualificação dos nossos alunos. Eles têm que ser os melhores. Quem passou pela mídia impressa de Friburgo e de Madureira hoje está empregado. Por isso, acho que eu sou um chato gente boa”, devolve o professor Ricardo França, ou simplesmente França, como gosta de ser chamado. Perfeccionista, o coordenador de Jornalismo do Nucom - Mídia Impressa e Rádio - do campus Madureira, está há 7 anos na Estácio de Sá e inaugurou os laboratórios de mídia impressa dos campi Friburgo e Madureira.

É detentor de diversos prêmios jornalísticos, entre eles o Prêmio Internacional Bartolome Mitre de Reportagem, concedido pela Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP-Miami), em 1997, em Guadalajara, México, Categoria Direitos Humanos. Foi vencedor com a série de reportagens investigativas “Nota 10 em Violência”, sobre tráfico de drogas nas escolas do Rio, pelo jornal O DIA. A série foi considerada pela SIP a melhor contribuição da Imprensa das Américas no combate ao narcotráfico. Em 1999, recebeu Moção da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro pela contribuição social prestada à sociedade com as reportagens investigativas feitas quando era repórter especial do O DIA.

Em 2004, junto com 40 estudantes de jornalismo, levou o campus Friburgo a ganhar o 1º lugar no 21º Prêmio Nacional de Direitos Humanos de Jornalismo 2004, com a série de reportagens investigativas “Sexo & Cia – o mercado do prazer em Nova Friburgo”. A série, de 31 capítulos, levou 1 ano e 7 meses para ficar pronta e foi publicada durante um mês no jornal A VOZ DA SERRA. O Prêmio foi concedido pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH) e Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do Rio Grande do Sul, com o apoio da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio Grande do Sul (ARFOC/RS), da ARFOC/Brasile e Secretaria Regional Latino Americana da UITA – União Internacional dos Trabalhadores na Alimentação, Agricultura e Afins. Visa estimular o trabalho dos profissionais do jornalismo na denúncia das violações e na vigilância ao respeito aos Direitos Humanos.

Em Madureira, em 2007, obteve com a equipe da Mídia Impressa o 2º lugar do Prêmio Expocom, Região Sudeste, com a Agência de Notícias Zunido. A agência produz conteúdo jornalístico para jornais de bairro da Zona Norte, entre eles o jornal da Associação Comercial de Madureira. A Rádio Madureira Shopping foi um dos clientes da agência Zunido.

Projeto Repórter Comunitário formou 80 jovens em mídia impressa, rádio e TV

Este ano, com o estudante Marcos Benjamin, criou um projeto inédito no curso de jornalismo da Estácio: o Jiló Press (Jornalismo Interativo Laboratorial Otimizado), uma rede de blogs multimídia que envolve, em sua linha de frente, cerca de 70 estudantes-repórteres que, juntos, produzem e colocam no ar a Rede Jiló Press de Comunicação Multimídia: rádio e tv na internet. Inaugurado em fevereiro deste ano, o Jiló produziu 130 vídeos, 180 programas de rádio e teve 16.500 mil acessos nesses 6 meses de existência.

PROJETO REPÓRTER COMUNITÁRIO - Todo o material jornalístico é produzido pelos alunos e corrigido por França, on-line. O Projeto Jiló Press tem, ainda, um link com a sociedade, através do projeto Repórter Comunitário, outra invenção do França. Já foram formadas três turmas de mídia impressa, rádio e TV. Os cursos são gratuitos e ajudam a formar jovens na prática do jornalismo cidadão. Uma vez formados, podem trabalhar voluntariamente fornecendo reportagens para a Rede Jiló Press de Comunicação Multimídia. O foco social do projeto rendeu duas reportagens de páginas inteiras nos dois principais jornais populares do Rio: EXTRA e O DIA. Mídia espontânea e exposição positiva da instituição em todo o estado do Rio.

CURRÍCULO - Pós-graduado em telejornalismo pela Estácio, sua trajetória profissional teve início por conta própria, no jornal de bairros FATO LOCAL, criado por ele quando ainda era estudante de jornalismo. Foi repórter e roteirista do programa Documento Especial, da TV Bandeirantes; editor-chefe do Diário Democrático; chefe de reportagem do O São Gonçalo; coordenador de produção da Intertv Serra+Mar e da Intertv Planície, afiliadas da Rede Globo; trabalhou nas assessorias de imprensa da Suderj; Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE)/Uerj e no setor de marketing do Centro Universitário Serra dos Orgãos, em Teresópolis.

Com 20 anos de profissão, França é um representante típico da Zona Norte. Morador de Vaz Lobo, é botafoguense, taurino de sangue quente e torce para Portela, Império Serrano e Vila Isabel. Desde janeiro de 2007 é integrante da equipe da Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Segurança. Apaixonado pela profissão, França afirma que a prática lapida o profissional. JILÓ CAMPUS - Como surgiu a idéia do Jiló?
FRANÇA -
O Jiló é um veículo multimídia inédito no curso de Comunicação Social. Surgiu pela necessidade de agilizar a produção e a veiculação do conteúdo gerado pela Agência de Notícias Zunido. O Jiló tem ferramentas que proporcionam maior operacionalidade. Trabalhamos com vídeos, na TV JILÓ, e com áudios, Rádio Jiló. Não é necessário mais da presença física no laboratório de mídia impressa para produzir. Com isso, resolvemos os problemas de estrutura e de operacionalidade, ganhamos tempo. O estudante é pauteiro e repórter e pode postar de qualquer lugar, a qualquer hora. Ganhamos onipresença e agilidade e cobrimos toda a Zona Norte.

JILÓ CAMPUS - De onde veio a vontade de começar a dar aula?
FRANÇA -
Eu comecei na Estácio não para dar aula, mas para ser o supervisor da Rádio Estação do campus Friburgo a convite do professor Jorge Maroun. Então, surgiu a oportunidade e passei a dar aula de técnicas de reportagem. Criei a Mídia Impressa de lá e, em 2005, fui convidado pela então coordenadora do curso de Comunicação Social de Madureira, professora Rose Marie, para inaugurar a Mídia Impressa de Madureira, onde estou até hoje.

JILÓ CAMPUS - Qual é a importância do Núcleo de Comunicação?
FRANÇA -
O Nucom é o braço prático para a formação dos estudantes de publicidade e de jornalismo. O Nucom conta com uma infraestrutura com equipamentos modernos e profissionais que vieram do mercado. Dá todo o suporte para o aluno exercer a profissão antes mesmo de entrar no mercado.

JILÓ CAMPUS - Como funciona a Mídia Impressa?
FRANÇA -
Ela funciona como uma agência de notícias que engloba diversos produtos comunicacionais. Cada produto tem um público-alvo e uma linha editorial diferenciada, mas sempre com o foco na comunidade. Aqui, praticamos o jornalismo de rua, pois lugar de repórter é na rua e é isso o que procuro fazer. Pretendo criar uma assessoria de impressa no segundo semestre, a Transitiva e Direta, soluções em comunicação.

JILÓ CAMPUS - Como é a parceria entre a TV Estácio e a mídia impressa?
FRANÇA -
Essa parceria funciona em mão dupla: o Jiló fornece vídeos produzidos pela TV Jiló para a TV Estácio, e a TV Estácio pega esse conteúdo e utiliza nas matérias que vão ao ar no campus, e dá o crédito à TV Jiló. Isso é bom para a TV Estácio porque o blog Jiló Press é um veículo de comunicação que extrapola os muros do campus Madureira Shopping. Então, os VTS produzidos pela TV Estácio veiculados no Jiló faz com que a TV Estácio tenha mais visibilidade.

JILÓ CAMPUS - Qual o ganho que a Zona Norte pode ter com o Jiló e qual o ganho que o Jiló pode ter com a Zona Norte? E para o aluno?
FRANÇA -
A evolução do produto jornalístico Jiló para a Zona Norte é muito importante porque faz com que a região ganhe um veículo que não existia, voltado para o subúrbio com o olhar de quem mora nele. Os nossos alunos são moradores dos bairros da Zona Norte, são observadores de seus problemas e de suas virtudes. Então, as informações que chegam têm a ver com a vida desses moradores. O fortalecimento desse veículo é o fortalecimento da sociedade local. Para o aluno, é a construção de um jornalismo verdadeiro.

JILÓ CAMPUS - Deixe um recado para os estudantes de comunicação.
FRANÇA -
É preciso deixar de pensar analógico para pensar digital. Aqueles que continuarem pensando analogicamente estão mortos e não vão entrar no mercado. A oportunidade de se pensar digitalmente é participar do Jiló Press. Hoje, nós, aqui de Madureira, trabalhamos com a sinergia das mídias, com as possibilidades da multiplicidade midiática.

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3 comentários:

  1. Ele pode ser chato, mas ajudou muito aluno! É sincero!

    Apesar de não gostar desse cara, eu reconheço: Ele é um gênio e realmente ama o que faz!!!

    Hoje bato palmas para ele! Acho que a Mídia Impressa sem ele nunca mais será a mesma!!

    Parabéns pelos trabalhos realizados!!!

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  2. Cristina Vieira (aluna de jornalismo)23 de agosto de 2009 às 12:00

    O pouquíssimo tempo em que convivi com ele, como colaboradora do Jiló, não achei ele chato. O cara é exigente, como qualquer profissional competente. Não dá para levar o serviço na mídia como uma repartição pública. Os prazos devem ser cumpridos e todo s os dias temos que nos superar. è isso que ele ensina aos seus alunos.

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  3. Trabalhei com o França em uma Semana de Comunicação e no Nucom. Hoje trabalho em veículo de Comunicação.

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