sexta-feira, 26 de junho de 2009

APAIXONADA PELO ONLINE




Texto: Aline Vieira e Guilherme Miziara


Cristina Dissat é jornalista e atua na área da saúde. É membro da Associação Brasileira de Jornalismo Científico , editora do jornal da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e do jornal da Sociedade Brasileira de Diabetes . Iniciou em 1995 o desenvolvimento de conteúdo para web sites, sua especialidade. É sócio-editora da Informed Jornalismo , editora do site Jornalistas da Web e colunista do site Nós da Comunicação . Nas horas vagas dedica-se ao seu Blog “Fim de Jogo” que, na tendência do jornalismo cidadão, acompanha em tempo real a movimentação pré e pós jogos nas proximidades do estádio Mário Filho, mais conhecido como Maracanã.


JILÓ: A qualidade editorial tem sido suprimida por alguns portais, que buscam conceber e manter conteúdos jornalísticos para atrair novas assinaturas e gerar receita. Para estes grupos, a informação não é economicamente rentável. Como você analisa o excesso de publicidade em favor do lucro rápido?

Cristina Dissat: Esse problema não surgiu com o jornalismo digital, nem com os portais. Isso é um problema antigo. A questão tem se agravado porque os veículos de comunicação online não conseguiram encontrar um modelo de negócios ideal para a sobrevivência do veículo online. Não temos excesso de publicidade. A tentativa – isso não quer dizer que esteja certa – é obter renda para sobrevivência. A velocidade do que acontece na internet dificulta encontrar tempo suficiente para encontrar soluções.



JILÓ: A Internet compete com outros veículos, acrescenta ou representa apenas a convergência entre mídias?

CD: Volta e meia temos esse assunto em debate e a resposta tem sido a mesma. Basta fazer uma retrospectiva com o surgimento da imprensa, do rádio e da TV. O problema é que todos tiveram um tempo para assimilarmos as mudanças e nos adaptarmos. Tempo na internet não existe. Sou uma jornalista que começou no mundo off line e hoje sou completamente apaixonada pelo online. Acredito que quem tem medo da internet é que a vê como um veículo que compete. Estamos vivendo uma época jamais vista em comunicação e a melhor forma de passar por esta fase é entendê-la. Estamos no caminho da convergência das mídias.

JILÓ: O leitor digital adquire efetivo conhecimento ou a informação é absorvida sem muito comprometimento?

CD: Depende do leitor. Um adolescente que vê alguma notícia na televisão pode ser que assimile da mesma forma do que um adolescente que lê na internet. Os “heavy users” de games entram frequentemente em fóruns para entender os problemas que passam durante os jogos. Para isso eles têm que ler com muita atenção. Isso irá se repetir nos vários tipos de interesse de cada um. O problema que vejo em quem só lê na internet é que a facilidade de dispersão é grande (e tentadora), ou seja, depende muito mais dos seus interesses do que do seu perfil.


“O internauta precisa estar se sentindo em um ambiente seguro quanto às informações e que não o prende por truques e sim por qualidade de conteúdo e cuidado no desenvolvimento do site.”


JILÓ: Considerando o fácil desvio do leitor para outros sites/links interessantes e, sobretudo, o volume de informações o qual é submetido, Como satisfazer e fidelizar o consumidor de informações on-line?

CD: Qualidade e um bom trabalho de webwriting. Na verdade são duas palavras que não são tão simples de serem trabalhadas. É uma combinação de vários fatores. Uma boa pauta; um bom desenvolvimento de texto, acompanhado de opções com material em vídeo ou fotos; criação de hiperlinks tanto para áreas internas do site quanto para outros locais; e credibilidade das informações. O internauta precisa estar se sentindo em um ambiente seguro quanto às informações e que não o prende por truques e sim por qualidade de conteúdo e cuidado no desenvolvimento do site.

JILÓ: É comum encontrar na rede informações desconexas, superficiais, incompletas e muitas das vezes, equivocadas. Elaboradas aos moldes do veículo e direcionadas a um público passivo e que não se aprofunda, essas redações preocupam-se apenas com o número e a variedade de informações divulgadas em tempo real. A que se deve essa escassez de conteúdo aprofundado?

CD: Nem todos os sites se propõem a fazer conteúdo aprofundado. O que se pensava (propostas que têm se alterado constantemente) é que o leitor se aprofundaria no conteúdo no jornal impresso ou revistas, onde poderia ter um pouco mais de tempo para no conteúdo. Acho que a escassez é pela necessidade de ser mais ágil, mais rápido. Porém, esse pensamento é, na maioria das vezes, do próprio jornalista. É ele que entra em vários sites para saber quem deu a notícia em primeiro lugar. O internauta comum não faz isso. É importante lembrar que estamos falando de sites de notícias, porque sites de informação médica, por exemplo, se aprofundam nos conteúdos, pois é de interesse daquele público-alvo.



“Acredito que quem tem medo da internet é que a vê como um veículo que compete. Estamos vivendo uma época jamais vista em comunicação e a melhor forma de passar por esta fase é entendê-la.”

JILÓ: O enxugamento nas redações digitais e a publicidade excessiva nos passam a impressão de que o comando dos departamentos está nas mãos dos administradores de empresas e homens de marketing. Dessa forma, quais os rumos do jornalismo digital?

CD: Isso não é um fato do jornalismo digital, isso sempre ocorreu. O que estamos atravessando é uma crise. Se tivéssemos tanta publicidade assim, os veículos não estariam com problema de verba.

Um comentário:

  1. Oi Aline, estava fazendo uma busca no google e achei a matéria. Ou seja, isso já é um ponto muito positivo porque seu post/blog já foi indexado. Boa sorte no curso e se acharem interessante fico à disposição de vcs. Estou em um momento de dividir minhas experiências de mais de 10 anos de internet e 25 de jornalismo. Abs, Cris

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