Por Rodrigo Aquino (3º período), Talita Paranhos (2º período) e Andrezza Henriques (6º período) – estagiária da Mídia Impressa // Foto: Efraim Fernandes
Coordenadora da TV Estácio no Núcleo Prático de Comunicação (Nucom) do campus Madureira, a professora Patrícia Céspede Cupello, de 29 anos, tem projetos e ideias para serem postas em prática no laboratório, porém, tudo o que se refere à televisão é bem caro. Uma das ideias é colocar um circuito pelo shopping inteiro informando o tempo, o trânsito, com link ao vivo da rua e transmissão do telejornal ao vivo. Um projeto Patrícia já realizou: é a ‘mãe’ do primeiro telejornal diário do campus, o ‘Estácio no Ar’, cuja linha editorial foca Madureira, o shopping e o campus. Prata da Casa, ela se formou em jornalismo pela Estácio e começou a trabalhar como estagiária na instituição em 1997. Dez anos depois se tornou gerente de comunicação. Trabalhou no Jornal do Brasil, fez um jornal para a Rádio Imprensa, foi editora de conteúdo do site da Telemar, passou pelo jornal O Dia e sempre presta serviços para a TV Globo em períodos de eventos, mas seu primeiro contato com a profissão foi na Assessoria de Comunicação do PROCON.
Coordenadora da TV Estácio no Núcleo Prático de Comunicação (Nucom) do campus Madureira, a professora Patrícia Céspede Cupello, de 29 anos, tem projetos e ideias para serem postas em prática no laboratório, porém, tudo o que se refere à televisão é bem caro. Uma das ideias é colocar um circuito pelo shopping inteiro informando o tempo, o trânsito, com link ao vivo da rua e transmissão do telejornal ao vivo. Um projeto Patrícia já realizou: é a ‘mãe’ do primeiro telejornal diário do campus, o ‘Estácio no Ar’, cuja linha editorial foca Madureira, o shopping e o campus. Prata da Casa, ela se formou em jornalismo pela Estácio e começou a trabalhar como estagiária na instituição em 1997. Dez anos depois se tornou gerente de comunicação. Trabalhou no Jornal do Brasil, fez um jornal para a Rádio Imprensa, foi editora de conteúdo do site da Telemar, passou pelo jornal O Dia e sempre presta serviços para a TV Globo em períodos de eventos, mas seu primeiro contato com a profissão foi na Assessoria de Comunicação do PROCON.
Especialista em Redação Jornalística, atualmente é professora de graduação das disciplinas de Técnicas de Entrevista, Telejornalismo I e II nos campi Madureira e Tom Jobim. Ela sempre trabalhou com o mundo prático do jornalismo, colocando em sala de aula e, também, no Nucom, tudo o que aprendeu e aprende no mercado de trabalho. Já no curso de Produção Audiovisual, ministra aula de Edição de Imagem, Telejornalismo e Radiojornalismo, além de ser professora adjunta de Processos de Produção em Rádio e TV. Patrícia é mora em Jacarepaguá e torce pelo Flamengo, time pelo qual já trabalhou por dois anos, fazendo a cobertura para o próprio clube. A idéia do telejornal surgiu para mostrar aos alunos como o mercado de trabalho funciona na prática. “O estudante chega aqui, aprende e vai embora. Aí chega outro, aprende e vai embora e, assim, sucessivamente. É dessa forma que colocamos o aluno no mercado externo”, ensina.
DAZIBAO – Para você, o que é o Núcleo Prático de Comunicação?
PATRÍCIA CUPELLO – O Nucom para mim é tudo. Comecei como estagiária aqui, através de uma prova para uma revista, a Interativa, junto com o Laranjo, em 1998. Eram cem candidatos para duas vagas, e eu passei em primeiro lugar. Consegui a vaga e, daí, nunca mais saí do Nucom. Sempre trabalhei como estudante e, depois, passei a ser funcionária. No Nucom aprendi 90% do que sei hoje. É claro que no mercado de trabalho eu também aprendi e muito.
PATRÍCIA CUPELLO – O Nucom para mim é tudo. Comecei como estagiária aqui, através de uma prova para uma revista, a Interativa, junto com o Laranjo, em 1998. Eram cem candidatos para duas vagas, e eu passei em primeiro lugar. Consegui a vaga e, daí, nunca mais saí do Nucom. Sempre trabalhei como estudante e, depois, passei a ser funcionária. No Nucom aprendi 90% do que sei hoje. É claro que no mercado de trabalho eu também aprendi e muito.
DAZIBAO – Como é coordenar a TV Estácio?
PATRÍCIA CUPELLO – Complexo, porque aqui as pessoas têm que entender que não é uma TV aberta, que não é uma TV comercial, e sim, uma TV Universitária, com limitações normais. Frente às outras universidades, temos muito mais coisas. Temos que trabalhar para o nosso público, com os instrumentos e equipamentos que nos são disponibilizados e, às vezes, passar isso para a cabeçinha do estudante que quer subir morro, que quer fazer factual, que quer fazer o dia-a-dia, quer ir ao Maracanã, quer ir fazer acidente, quer ir fazer um monte de coisa que acontece. Mas temos limitações. Não posso expor o meu aluno a uma bala perdida, não posso expor o equipamento da universidade, que não tem o seguro que a Globo tem de ficar na rua o tempo todo. Então, gerir esse tipo de coisa é bem complexo, e nós estamos conseguindo.
DAZIBAO – Como surgiu a idéia do telejornal ‘Estácio no Ar Madureira’?
PATRÍCIA CUPELLO – Surgiu porque é inadimissível ter um laboratório de TV e não ter um telejornal. Então, quando eu entrei na TV assessorando o coordenador antigo, embutir a idéia do telejornal foi meio que uma lavagem cerebral. Acredito que a melhor maneira de passar para os meus alunos como o mercado de trabalho é na prática é fazendo telejornalismo real.
DAZIBAO – Como que é feita a produção do telejornal?
PATRÍCIA CUPELLO – A equipe do telejornal foi montada através de uma seleção. Não chegamos a fazer prova porque era um projeto bem experimental, e eu precisava selecionar dentre os alunos do campus, os quais eu já conhecia, alguns com maior domínio de texto. Então selecionei um estagiário, que hoje é o editor-chefe do telejornal e o meu braço direito na equipe, o Octávio Degani, que comanda o telejornal de maneira muito tranquila. As apurações são feitas com notas do dia, factuais. As matérias quase que sempre são frias, como comportamento, saúde, enfim, matérias que gravamos com antecedência. Devido a quantidade de equipamentos que temos e, também, ao período de provas dos alunos, não dá para fazer matérias factuais todos os dias. Por isso fazemos boletins de esporte, previsão do tempo, agenda cultural, notícias do feriadão, datas comemorativas e festivas porque são temas que estão viáveis de produzir dentro da nossa estrutura. Dá para gravar no stand up. Os factuais entram como nota, mas isso não diminuiu nem um pouco a qualidade do trabalho, que é ter compromisso com o horário do material ir ao ar. É um trabalho em equipe.
DAZIBAO – O ‘Estácio no Ar’ pode ser considerado como seu segundo filho?
PATRÍCIA CUPELLO – Tudo bem, pode se considerar o meu segundo filho sim. Na verdade, todo projeto que a gente cria tem que ser considerado como um filho, mas também pensar que ele não é só nosso, porque o ‘Estácio no Ar’ não é meu, e sim dos alunos. Porque amanhã a Patrícia pode não estar aqui. Como já passei por isso e fiquei um tempo de licença, o ‘Estácio no Ar’ tem que continuar. Isso tem que estar dentro da cabeça dos alunos, porque se você não pensar nunca em deixar um substituto para o seu lugar, você não cresce, e a minha ideia não é ficar sempre aqui. Como falei, presto serviços para fora, época de evento na Globo, eu dobro, troco de horário. Não quero abdicar do meu trabalho em função disso. É um filho sim, mas é um filho da Estácio e não meu. Eu apenas estou criando numa fase que eu acho que foi excepcional, o nascimento, ensinar a engatinhar, a andar, a falar as primeiras palavras, a dar os primeiros passos. Eu sou muito grata por ter sido convidada para esse cargo e por ter tido essa idéia e de ter tido a chance de concluir. O filho é do campus Madureira e eu estou criando ele nesse momento como se fosse meu, até porque saiu da minha barriga. Mas isso não quer dizer que amanhã outro não possa vir e continuar com o trabalho tão bonito quanto, ou até melhor.
DAZIBAO – Existe algum projeto da equipe do ‘Estácio no Ar’ que possa complementar esse telejornal para um futuro próximo?
PATRÍCIA CUPELLO – Projetos existem vários. Só que para esses projetos seguirem em frente, precisa de dinheiro. E tudo que se refere à televisão é muito caro. Por isso, idéias eu tenho, um monte, como um circuito de TV pelo shopping inteiro, fazendo link ao vivo. Imagina um repórter nosso na entrada do shopping informando o tempo? As pessoas que estão aqui dentro não sabem como está o tempo lá fora, não sabem como está o trânsito. Cobrir promoção relâmpago que esteja acontecendo, sem se preocupar com o jabá de loja, mas simplesmente se preocupando em dar informação legal para o público que está aqui seria ótimo. Eu repito: o jornalista só é bom quando ele sabe para quem está trabalhando. Se você não sabe para quem você está falando, para qual público você está se direcionando, você pode se perder, você pode ser o melhor, mas vai sempre ser enxergado como o pior. Dessa forma, oferecer serviços em vários lugares da região para o cara que está frequentando o shopping, pode ser feito através de TVs de plasmas espalhadas aqui dentro, trabalho e parceria com a rádio e com a mídia impressa. Mas tudo isso envolve uma palavra: grana. E isso a gente tem que levar aos poucos.
DAZIBAO – A agência sapiens fez uma parceria com o restaurante Blumenau, com isso ele exibe o telejornal ‘Estácio no Ar Madureira’ todos os dias. Os clientes estão gostando bastante do telejornal. O que você acha disso?
PATRÍCIA CUPELLO – Sabemos para quem estamos falando: para o público de Madureira. O RJ TV fala para a cidade do Rio de Janeiro. Nós falamos para o público que frequenta Madureira, que transita pelo shopping, que está almoçando naquele momento. Ou o cara estuda aqui, ou ele trabalha aqui, ou ele veio visitar o shopping, ou seja, ele mora por aqui. Então você sabendo para quem você está falando, atingimos o público de maneira eficiente.
DAZIBAO – Além do ‘Estácio no Ar Madureira’, a TV tem outro produto, o “Ta na rede”, que é um programa de esportes. Como surgiu a idéia desse programa?
PATRÍCIA CUPELLO – O ‘Tá na Rede’ foi um projeto de um grupo de alunos meus da disciplina Técnicas de Entrevista, em que eles mesmos viraram para mim e me falaram queriam levar adiante esse projeto. Eu disse que toparia. No inicio do ano, quando comecei como coordenadora, os chamei para conversar e perguntei se queriam ainda fazer, e eles aceitaram. Sentamos e fizemos o programa. Os ajustes ainda estão sendo feitos aos poucos. Como falei, tudo em televisão é muito caro. Mas tudo está caminhando bem, porque agora eles vão ter cenários, e o programa já tem vinheta. Nós começamos ‘no amor’, com os comentários deles de futebol e esportes em geral. Eu exigi agora, nessa parte do programa, que eles tivessem convidados externos também para dar um trabalho maior para eles. Eles ainda não têm nome de mercado mas, quando chegarem no Sport TV, por exemplo, os atletas já vão saber quem são eles. Então, eles precisam praticar jornalismo porque para eles chegarem a esse patamar no mercado de trabalho vai custar um pouco mais. O ‘Tá na Rede’ é um programa que faz comentários sobre esportes, mas que, a partir de agora, contará com convidados e com VT’s externos mostrando lances de gols para eles poderem começar a ter um pouco mais de habilidade. A intenção com o ‘Tá na Rede’ para meados do ano é tomar um rumo bem diferente, melhorar bastante.
DAZIBAO – Como que é feita a parceria da TV com o Jiló Press?
PATRÍCIA CUPELLO – Ótima. Ainda não é do jeito que a gente queria, por questões estruturais, de servidor. Mas a ideia é disponibilizar algumas matérias do telejornal no blog, para que as pessoas possam assistir fora do campus. As notas factuais por exemplo, não precisariam estar. Até porque, por serem uma ferramenta de internet, elas com certeza já estarão no blog. Portanto, colocar as matérias gravadas, como por exemplo aborto e comportamento, seria legal para que as pessoas tenham ali um momento de reflexão. Acredito que em breve tenhamos uma TV JILÓ bem mais participativa e objetiva nessa interdisciplinaridade, fazendo com que o aluno entenda que o profissional multimídia é cada vez mais importante.
DAZIBAO – Como é que os professores podem aproximar os alunos do Nucom?
PATRÍCIA CUPELLO – Começando a falar em sala de aula. Falar eu falo, mas o negócio é o seguinte: termina a aula, vem todo mundo para cá, e o pessoal olha, olha... e vai embora. Eu acho que a via é de mão dupla. Não adianta só o professor divulgar. É claro que a função de divulgar é mais nossa que estamos aqui dentro, tipo eu, França, Sosinho, Marcio Gonçalves, Paulo Ribeiro. Nós divulgamos, mas nem todos os alunos estão preocupados em praticar. Eu sempre falo: o Nucom não teria função se não fossem por vocês. Ou seja, isso aqui é dos alunos, isso aqui tem que ser o quintal da casa de vocês. Vocês têm que comer isso aqui. Na verdade, têm que deixar de comer para estarem aqui, porque o seu diferencial lá na frente começa agora. Mas, infelizmente, nem todos pensam assim.
DAZIBAO – O que você acha de Madureira?
PATRÍCIA CUPELLO – Só conheci Madureira quando vim trabalhar aqui. Até porque moro em Jacarepaguá. Venho de um bairro que é extremamente burguês. Fui nascida e criada na Ilha do Governador. Então, para mim, era muito mais fácil comprar no Saara do que comprar em Madureira, mas quando fui convidada a vir trabalhar aqui no campus, me perdia pra chegar aqui. Hoje vejo como é interessante esse lugar. Ele me lembra muito o Rio Comprido na época em que eu estudei. Aqui temos alunos com potencial maravilhoso, pessoas que precisavam realmente de uma universidade aqui, especialmente de Comunicação Social, que costuma ser um curso elitista, porque é um curso caro, tem equipamentos caros, enfim, tem uma infra-estrutura que, teoricamente, é um curso que não se paga, então nem todas as universidades podem investir. É um curso muito caro para a instituição e tê-lo aqui em Madureira - e ainda como o segundo curso do campus (só perde para Direito em número de alunos), é muito legal. O retorno disso para o mercado de trabalho é o Nucom, é o laboratório. Cuspe e giz, como a gente costuma brincar na área docente, todos têm. Mas laboratório funcionando faz o diferencial. É bem interessante que Madureira tenha acesso a esse laboratório, porque é um curso muito caro, e você consegue trazer para o mercado de trabalho pessoas que dificilmente seriam inseridas. É muito importante ter um curso de comunicação em um subúrbio como Madureira.
DAZIBAO – Se você fosse chefe de redação, o aluno Estácio teria algum problema para a contratação? A prática seria um quesito importante como desempate entre os candidatos?
PATRÍCIA CUPELLO – Eu veria se o cara saberia trabalhar, independentemente de ele ser da UFRJ, de ser da Faixa, de ser da Estácio. Como ex-aluna da Estácio, não tenho nenhum preconceito do aluno ter estudado em universidade pública ou particular, ou a particular mais famosa, enfim, não tem essa comigo. A seleção do estágio não teria nada a ver com a universidade que ele veio, e sim com ele. Ele sabe fazer? Ele é melhor do que o outro? Escreve melhor do que o outro? Ele tem um raciocínio mais amplo, mais lógico? Ele entende do que está falando? Esse para mim sim, seria o profissional escolhido, independente da instituição. É óbvio que aquele que tem mais prática é melhor para mim. Recebê-lo na minha empresa, na minha instituição, porque vai ser mais fácil, como profissional, trabalhar com ele.
DAZIBAO – Deixa um recado para os alunos, uma reflexão, para a galera parar, analisar e ter um pouco mais de consciência sobre o jornalismo.
PATRÍCIA CUPELLO – Eu sei que essa idade de 17 e 18 anos é muito difícil. É muito mais fácil você querer paquerar, dar beijo na boca, sair para gandaia, do que entrar no laboratório da sua universidade para fazer alguma coisa. Mas assim, se você conseguir pelo menos um ou dois dias da sua semana, entrar e fazer uma matéria e conhecer a mídia, a rádio, a TV, pode ter certeza que vai garantir a sua cervejinha daqui para frente. É isso que vai te dar dinheiro no mercado de trabalho. É o que vai garantir a sua vaga, a sua inserção. Portanto, conheça o laboratório do seu curso, porque ele vai ser um diferencial lá na frente. O mercado está cada vez mais cruel, a gente escuta cada vez mais falar que estagiário está fazendo a função de profissional. E o estagiário só vira profissional quando ele é bom. Você já tem que chegar bom e isso é a maior injustiça do mercado hoje. Aproveitem que a Estácio investe nisso, porque não são todas. Então, tira um tempo da sua cervejinha, esquece um pouco o beijo na boca, porque você não vai morrer por causa disso, entra e pratica um pouquinho. Eu sei que essa idade é muito difícil para pensar nisso, mas é muito importante alguém que te dê esse toque.
PATRÍCIA CUPELLO – Complexo, porque aqui as pessoas têm que entender que não é uma TV aberta, que não é uma TV comercial, e sim, uma TV Universitária, com limitações normais. Frente às outras universidades, temos muito mais coisas. Temos que trabalhar para o nosso público, com os instrumentos e equipamentos que nos são disponibilizados e, às vezes, passar isso para a cabeçinha do estudante que quer subir morro, que quer fazer factual, que quer fazer o dia-a-dia, quer ir ao Maracanã, quer ir fazer acidente, quer ir fazer um monte de coisa que acontece. Mas temos limitações. Não posso expor o meu aluno a uma bala perdida, não posso expor o equipamento da universidade, que não tem o seguro que a Globo tem de ficar na rua o tempo todo. Então, gerir esse tipo de coisa é bem complexo, e nós estamos conseguindo.
DAZIBAO – Como surgiu a idéia do telejornal ‘Estácio no Ar Madureira’?
PATRÍCIA CUPELLO – Surgiu porque é inadimissível ter um laboratório de TV e não ter um telejornal. Então, quando eu entrei na TV assessorando o coordenador antigo, embutir a idéia do telejornal foi meio que uma lavagem cerebral. Acredito que a melhor maneira de passar para os meus alunos como o mercado de trabalho é na prática é fazendo telejornalismo real.
DAZIBAO – Como que é feita a produção do telejornal?
PATRÍCIA CUPELLO – A equipe do telejornal foi montada através de uma seleção. Não chegamos a fazer prova porque era um projeto bem experimental, e eu precisava selecionar dentre os alunos do campus, os quais eu já conhecia, alguns com maior domínio de texto. Então selecionei um estagiário, que hoje é o editor-chefe do telejornal e o meu braço direito na equipe, o Octávio Degani, que comanda o telejornal de maneira muito tranquila. As apurações são feitas com notas do dia, factuais. As matérias quase que sempre são frias, como comportamento, saúde, enfim, matérias que gravamos com antecedência. Devido a quantidade de equipamentos que temos e, também, ao período de provas dos alunos, não dá para fazer matérias factuais todos os dias. Por isso fazemos boletins de esporte, previsão do tempo, agenda cultural, notícias do feriadão, datas comemorativas e festivas porque são temas que estão viáveis de produzir dentro da nossa estrutura. Dá para gravar no stand up. Os factuais entram como nota, mas isso não diminuiu nem um pouco a qualidade do trabalho, que é ter compromisso com o horário do material ir ao ar. É um trabalho em equipe.
DAZIBAO – O ‘Estácio no Ar’ pode ser considerado como seu segundo filho?
PATRÍCIA CUPELLO – Tudo bem, pode se considerar o meu segundo filho sim. Na verdade, todo projeto que a gente cria tem que ser considerado como um filho, mas também pensar que ele não é só nosso, porque o ‘Estácio no Ar’ não é meu, e sim dos alunos. Porque amanhã a Patrícia pode não estar aqui. Como já passei por isso e fiquei um tempo de licença, o ‘Estácio no Ar’ tem que continuar. Isso tem que estar dentro da cabeça dos alunos, porque se você não pensar nunca em deixar um substituto para o seu lugar, você não cresce, e a minha ideia não é ficar sempre aqui. Como falei, presto serviços para fora, época de evento na Globo, eu dobro, troco de horário. Não quero abdicar do meu trabalho em função disso. É um filho sim, mas é um filho da Estácio e não meu. Eu apenas estou criando numa fase que eu acho que foi excepcional, o nascimento, ensinar a engatinhar, a andar, a falar as primeiras palavras, a dar os primeiros passos. Eu sou muito grata por ter sido convidada para esse cargo e por ter tido essa idéia e de ter tido a chance de concluir. O filho é do campus Madureira e eu estou criando ele nesse momento como se fosse meu, até porque saiu da minha barriga. Mas isso não quer dizer que amanhã outro não possa vir e continuar com o trabalho tão bonito quanto, ou até melhor.
DAZIBAO – Existe algum projeto da equipe do ‘Estácio no Ar’ que possa complementar esse telejornal para um futuro próximo?
PATRÍCIA CUPELLO – Projetos existem vários. Só que para esses projetos seguirem em frente, precisa de dinheiro. E tudo que se refere à televisão é muito caro. Por isso, idéias eu tenho, um monte, como um circuito de TV pelo shopping inteiro, fazendo link ao vivo. Imagina um repórter nosso na entrada do shopping informando o tempo? As pessoas que estão aqui dentro não sabem como está o tempo lá fora, não sabem como está o trânsito. Cobrir promoção relâmpago que esteja acontecendo, sem se preocupar com o jabá de loja, mas simplesmente se preocupando em dar informação legal para o público que está aqui seria ótimo. Eu repito: o jornalista só é bom quando ele sabe para quem está trabalhando. Se você não sabe para quem você está falando, para qual público você está se direcionando, você pode se perder, você pode ser o melhor, mas vai sempre ser enxergado como o pior. Dessa forma, oferecer serviços em vários lugares da região para o cara que está frequentando o shopping, pode ser feito através de TVs de plasmas espalhadas aqui dentro, trabalho e parceria com a rádio e com a mídia impressa. Mas tudo isso envolve uma palavra: grana. E isso a gente tem que levar aos poucos.
DAZIBAO – A agência sapiens fez uma parceria com o restaurante Blumenau, com isso ele exibe o telejornal ‘Estácio no Ar Madureira’ todos os dias. Os clientes estão gostando bastante do telejornal. O que você acha disso?
PATRÍCIA CUPELLO – Sabemos para quem estamos falando: para o público de Madureira. O RJ TV fala para a cidade do Rio de Janeiro. Nós falamos para o público que frequenta Madureira, que transita pelo shopping, que está almoçando naquele momento. Ou o cara estuda aqui, ou ele trabalha aqui, ou ele veio visitar o shopping, ou seja, ele mora por aqui. Então você sabendo para quem você está falando, atingimos o público de maneira eficiente.
DAZIBAO – Além do ‘Estácio no Ar Madureira’, a TV tem outro produto, o “Ta na rede”, que é um programa de esportes. Como surgiu a idéia desse programa?
PATRÍCIA CUPELLO – O ‘Tá na Rede’ foi um projeto de um grupo de alunos meus da disciplina Técnicas de Entrevista, em que eles mesmos viraram para mim e me falaram queriam levar adiante esse projeto. Eu disse que toparia. No inicio do ano, quando comecei como coordenadora, os chamei para conversar e perguntei se queriam ainda fazer, e eles aceitaram. Sentamos e fizemos o programa. Os ajustes ainda estão sendo feitos aos poucos. Como falei, tudo em televisão é muito caro. Mas tudo está caminhando bem, porque agora eles vão ter cenários, e o programa já tem vinheta. Nós começamos ‘no amor’, com os comentários deles de futebol e esportes em geral. Eu exigi agora, nessa parte do programa, que eles tivessem convidados externos também para dar um trabalho maior para eles. Eles ainda não têm nome de mercado mas, quando chegarem no Sport TV, por exemplo, os atletas já vão saber quem são eles. Então, eles precisam praticar jornalismo porque para eles chegarem a esse patamar no mercado de trabalho vai custar um pouco mais. O ‘Tá na Rede’ é um programa que faz comentários sobre esportes, mas que, a partir de agora, contará com convidados e com VT’s externos mostrando lances de gols para eles poderem começar a ter um pouco mais de habilidade. A intenção com o ‘Tá na Rede’ para meados do ano é tomar um rumo bem diferente, melhorar bastante.
DAZIBAO – Como que é feita a parceria da TV com o Jiló Press?
PATRÍCIA CUPELLO – Ótima. Ainda não é do jeito que a gente queria, por questões estruturais, de servidor. Mas a ideia é disponibilizar algumas matérias do telejornal no blog, para que as pessoas possam assistir fora do campus. As notas factuais por exemplo, não precisariam estar. Até porque, por serem uma ferramenta de internet, elas com certeza já estarão no blog. Portanto, colocar as matérias gravadas, como por exemplo aborto e comportamento, seria legal para que as pessoas tenham ali um momento de reflexão. Acredito que em breve tenhamos uma TV JILÓ bem mais participativa e objetiva nessa interdisciplinaridade, fazendo com que o aluno entenda que o profissional multimídia é cada vez mais importante.
DAZIBAO – Como é que os professores podem aproximar os alunos do Nucom?
PATRÍCIA CUPELLO – Começando a falar em sala de aula. Falar eu falo, mas o negócio é o seguinte: termina a aula, vem todo mundo para cá, e o pessoal olha, olha... e vai embora. Eu acho que a via é de mão dupla. Não adianta só o professor divulgar. É claro que a função de divulgar é mais nossa que estamos aqui dentro, tipo eu, França, Sosinho, Marcio Gonçalves, Paulo Ribeiro. Nós divulgamos, mas nem todos os alunos estão preocupados em praticar. Eu sempre falo: o Nucom não teria função se não fossem por vocês. Ou seja, isso aqui é dos alunos, isso aqui tem que ser o quintal da casa de vocês. Vocês têm que comer isso aqui. Na verdade, têm que deixar de comer para estarem aqui, porque o seu diferencial lá na frente começa agora. Mas, infelizmente, nem todos pensam assim.
DAZIBAO – O que você acha de Madureira?
PATRÍCIA CUPELLO – Só conheci Madureira quando vim trabalhar aqui. Até porque moro em Jacarepaguá. Venho de um bairro que é extremamente burguês. Fui nascida e criada na Ilha do Governador. Então, para mim, era muito mais fácil comprar no Saara do que comprar em Madureira, mas quando fui convidada a vir trabalhar aqui no campus, me perdia pra chegar aqui. Hoje vejo como é interessante esse lugar. Ele me lembra muito o Rio Comprido na época em que eu estudei. Aqui temos alunos com potencial maravilhoso, pessoas que precisavam realmente de uma universidade aqui, especialmente de Comunicação Social, que costuma ser um curso elitista, porque é um curso caro, tem equipamentos caros, enfim, tem uma infra-estrutura que, teoricamente, é um curso que não se paga, então nem todas as universidades podem investir. É um curso muito caro para a instituição e tê-lo aqui em Madureira - e ainda como o segundo curso do campus (só perde para Direito em número de alunos), é muito legal. O retorno disso para o mercado de trabalho é o Nucom, é o laboratório. Cuspe e giz, como a gente costuma brincar na área docente, todos têm. Mas laboratório funcionando faz o diferencial. É bem interessante que Madureira tenha acesso a esse laboratório, porque é um curso muito caro, e você consegue trazer para o mercado de trabalho pessoas que dificilmente seriam inseridas. É muito importante ter um curso de comunicação em um subúrbio como Madureira.
DAZIBAO – Se você fosse chefe de redação, o aluno Estácio teria algum problema para a contratação? A prática seria um quesito importante como desempate entre os candidatos?
PATRÍCIA CUPELLO – Eu veria se o cara saberia trabalhar, independentemente de ele ser da UFRJ, de ser da Faixa, de ser da Estácio. Como ex-aluna da Estácio, não tenho nenhum preconceito do aluno ter estudado em universidade pública ou particular, ou a particular mais famosa, enfim, não tem essa comigo. A seleção do estágio não teria nada a ver com a universidade que ele veio, e sim com ele. Ele sabe fazer? Ele é melhor do que o outro? Escreve melhor do que o outro? Ele tem um raciocínio mais amplo, mais lógico? Ele entende do que está falando? Esse para mim sim, seria o profissional escolhido, independente da instituição. É óbvio que aquele que tem mais prática é melhor para mim. Recebê-lo na minha empresa, na minha instituição, porque vai ser mais fácil, como profissional, trabalhar com ele.
DAZIBAO – Deixa um recado para os alunos, uma reflexão, para a galera parar, analisar e ter um pouco mais de consciência sobre o jornalismo.
PATRÍCIA CUPELLO – Eu sei que essa idade de 17 e 18 anos é muito difícil. É muito mais fácil você querer paquerar, dar beijo na boca, sair para gandaia, do que entrar no laboratório da sua universidade para fazer alguma coisa. Mas assim, se você conseguir pelo menos um ou dois dias da sua semana, entrar e fazer uma matéria e conhecer a mídia, a rádio, a TV, pode ter certeza que vai garantir a sua cervejinha daqui para frente. É isso que vai te dar dinheiro no mercado de trabalho. É o que vai garantir a sua vaga, a sua inserção. Portanto, conheça o laboratório do seu curso, porque ele vai ser um diferencial lá na frente. O mercado está cada vez mais cruel, a gente escuta cada vez mais falar que estagiário está fazendo a função de profissional. E o estagiário só vira profissional quando ele é bom. Você já tem que chegar bom e isso é a maior injustiça do mercado hoje. Aproveitem que a Estácio investe nisso, porque não são todas. Então, tira um tempo da sua cervejinha, esquece um pouco o beijo na boca, porque você não vai morrer por causa disso, entra e pratica um pouquinho. Eu sei que essa idade é muito difícil para pensar nisso, mas é muito importante alguém que te dê esse toque.
Adoro essa mulher
ResponderExcluirPatrícia Cupello já é lenda no jornalismo na Estácio
Uma pessoa com mente empreendedora que vai chegar cada vez mais longe
Te adoro fessora
Bjs...