Texto: Bruno Ferraz (6º período) e Fernanda Galvão (7º período) - Jornalismo Digital
Muito se tem discutido sobre o papel da mídia e o futuro do jornalismo. Com o advento das novas tecnologias, o Jornalismo Participativo se expande, cada vez mais, nos diversos meios de comunicação. Sob o princípio da democratização da informação, esta prática cria um elo maior entre a sociedade e os profissionais da Comunicação Social. Para conversar sobre este tema, nosso convidado é o editor do JB Online, André Balocco, que deu uma entrevista exclusiva para a nossa equipe.
Jornalista renomado, o carioca de 45 anos começou a sua carreira como repórter do Caderno de Turismo do jornal O Globo. Logo depois, mudando totalmente de editoria, Balocco se engajou no Esporte, fazendo reportagens na Agência Esporte Press e, em seguida, no Caderno de Esportes do Jornal do Brasil. De repórter, foi professor da Universidade Estácio de Sá e tornou-se editor, integrando a equipe do jornal O Dia, retornando, um tempo depois ao JB como editor do JB Online.
Jiló Press: O cidadão está virando um jornalista sem diploma?
André Balocco: Está podendo se transformar num jornalista sem diploma. Não está virando. Pode se transformar a partir do momento que a tecnologia o ajuda... como você com essa câmera, por exemplo.
J.P: O que levou o JB a incentivar esse tipo de participação?
AB: Para também buscar uma maior interação com o público-alvo. Quanto mais você buscar essa interação com as pessoas que entram no teu site, maior facilidade você vai ter de comercializar esse site. A lógica é basicamente esta. É claro que existe sempre o componente ideológico, mas está mais sob a responsabilidade do jornalista. Fazer jornalismo é apaixonante para quem é jornalista. A empresa olha mais o lado comercial.
J.P: E o jornal faz alguma coisa para moderar esse tipo de matéria do jornalismo participativo?
AB: A moderação é você fazer enquete. A gente está falando de notícia, de flagrar uma coisa e mandar imagem, depoimento, vídeo. Se você mandar um vídeo falando de alguma coisa é claro que deve haver uma moderação. A imagem fala por si só. Você não pode mandar um vídeo sem ter a comprovação de que aquilo aconteceu. Por exemplo, o fiscal da vigilância sanitária está corrompendo o supermercado X. Você viu, escreveu uma matéria e botou o seu nome. Não sei quem é você. Não tenho prova nenhuma. Então, não posso colocar no ar. Tenho que mandar um profissional meu averiguar. Agora, se você filmar esse fiscal fazendo isso, a imagem fala por si só. Aí ela entra. Você pode colocar a tua opinião e aí nesse ponto eu posso colocar link para blogs. Acho que essa seria a "solução". Agora, é claro que essa é uma das questões que pode se discutir sobre a credibilidade do jornalismo on-line.
J.P: O que você acha dos blogs, do orkut, desse tipo de publicação?
AB: Acho boa porque democratiza a informação, abre mais. Porém, deixa sempre em aberto a possibilidade de uma eventual fraude. Agora, tudo o que vem para ampliar, abrir a discussão é interessante. Eu acho que não existe monopólio da verdade. E no final das contas acaba que as pessoas navegam em cima do próprio gosto. Essa é a realidade. Quando você tem hiperlinks, você acaba escolhendo aquelas coordenadas que quer ler.
“Jesus Cristo não foi jornalista. Buda não foi jornalista.
J.P: O estudante de jornalismo deve pegar experiência enviando matérias de jornalismo participativo?
AB: Claro que sim. Para ganhar experiência e exercer a profissão, exercer o que ele vai jurar mais adiante, que é narrar o que está acontecendo. Faz parte do jornalismo, do princípio jornalístico, narrar o que está acontecendo. Você abre um leque, você tem vários olhos, várias lentes observando o que está acontecendo no mundo. É a tecnologia, é inevitável isso. É o caminho que o mundo está se direcionando e não tem volta. Os olhos da sociedade estão mais atentos com o avanço dessa tecnologia.
J.P: Então, esse colaborador que não seja jornalista pode se transformar num formador de opinião?
AB: Pode, dependendo do que ele visa, do afinco com que ele queira postar notas ou colocar a maneira como ele vê o mundo. Até mesmo em poesias ele pode se transformar em formador de opinião. Jesus Cristo não era jornalista, Buda não era jornalista. Então, sim, o cidadão pode ser um formador de opinião. Um artista é formador de opinião.
J.P: O que você espera do jornalismo do futuro?
AB: Eu acho que o principal do jornalismo, que já está acontecendo hoje, é você ter uma gama maior de pontos de vista e ter mais olhos, principalmente de uma coisa pública, sobre as injustiças, sobre as coisas erradas. Você tem uma vigilância da verdade, sobre a maneira como ela mesmo se movimenta. É uma forma de procurar corrigir eventuais desvios. Hoje em dia quem exerce essa função, o grande corregedor da sociedade brasileira, é a mídia e ela sabe trabalhar bem com esse olhar do seu leitor, com as denúncias, com as imagens que chegam para gente. Quanto mais a gente puder incentivar isso, melhor.
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